Em 2009 o Movimento Estudantil de Biologia (MEBio) completa 30 anos, momento mais que oportuno para uma reflexão do que foi feito durante todo este tempo. O MEBio nasceu em meio aos resquícios de um Brasil ditatorial, cresceu no período de luta pela democratização do país, crescimento econômico-social em uma ordem contraditória. Das reuniões de discussão sobre o campo profissional, acompanhamento crítico das questões sócio-ambientais do Brasil e do mundo, que chegamos até aqui enquanto organização social. Entre muitos avanços e retrocessos o movimento chegará a sua terceira década. Qual a avaliação pode ser feita hoje? Afinal estamos avançando no nível de organização e atuação?
A verdade é que estamos longe, muito longe desta condição. O MEBio sofre de uma paralisia aguda, visto na desmobilização progressiva das escolas que militam organicamente, na incapacidade de concretizar pautas e demandas, no descrédito da estrutura de funcionamento. Não há fé nos princípios fracamente amarrados para este movimento, que parece solapar frente a contracorrente da situação do movimento estudantil geral. Será que estamos sucumbindo ao refluxo que ataca todos os setores sociais?
Em uma realidade que beira a tragédia e a revolta, é mais do que na hora de uma análise profunda do “fazer movimento”. Para que serve mesmo o MEBio?
Trinta anos se passou, e a oportunidade de resgatarmos o chamamento de ordem do primeiro encontro nacional de estudantes de biologia “Onde estão os Biólogos do Brasil?” torna-se fundamental, não mais para resistir, mas agora para não deixarmos de existir.
No começo de tudo, entretemo-nos reflexivamente em torno da profissionalização do biólogo. Agora, é preciso construir os princípios de atuação, entendo o movimento como escola de formação de lutadores sociais. A conjuntura sócio-ambiental fervilha, não é admissível que os estudantes de biologia estejam alheios a esta realidade. Para isto, discutir Ciência enquanto espaço de disputa e tensão desta conjuntura poderá ser um mote para a organização do MEBio.